Preciso ser franca, escrever me consome. É exaustivo, nada glamuroso e bem distante da idealização do processo criativo. Mesmo assim, não quero e nem consigo parar. Insisto em continuar, palavra após palavra, formando um novo texto que pode ou não ser publicado. Como esse aqui.
A escrita me consome porque passo o dia escrevendo por obrigação… mas não passamos todos?
Há sempre um prazo de entrega, uma releitura, uma revisão, um arquivo que retorna para alterar justamente aquele ponto meia-boca que poderia ter passado batido.
Eu corrijo.
Escrever tem me consumido porque passo o dia inteiro em tarefas burocráticas e restritas do meio em que atuo, e gasto o que seriam as famigeradas três páginas criativas diárias formalizando alguma tese jurídica.
A escrita é uma ilusão para mim, substituindo a romântica ideia do diária por uma leva de e-mails ao cliente.
Escrever não é o que li nos livros, nem o que assisti nos filmes, tampouco o que vi compartilhado no Instagram. Na minha língua, cultura e meio, escrever é uma entrega de prazo, juntando ideias de outros, atualizando, revisando, pesquisando e inserindo as minhas poucas ideias.
É um meio de trabalho, minha ferramenta de ganha pão. Não é deslumbrante, não tem vista bonita no campo e o café passado é sempre meio ruim. O ar condicionado da sala de advogados é forte e alguém sempre pede para interromper o que estou escrevendo para fazer algo mais urgente.
A escrita apareceu para mim de forma instrumental, como um meio para defender ou desfazer ideias e concepções.
Cansa.
Mas é “só” o que sei fazer.
É preciso uma disposição tremenda para continuar fazendo algo que me consome tanto, mas que ainda quero fazer ao final do dia, mesmo após longas horas escrevendo sobre o que não quero.
Essas palavras que aqui escrevo estavam me consumindo para serem ditas.
Esse texto falou comigo em um nível que eu não sei nem explicar! Eu trabalho com redação pra blogs de clientes de vários nichos e é exatamente assim que eu me sinto. A parte de voltar a ter prazer eu tô tentando buscar aqui com a minha newsletter, mas ainda tá meio difícil hahahah
Que texto perfeito!